Centenas de milhares de pessoas
na jornada da CGTP-IN

Nas pontes por Abril<br>rumo a futuro melhor

Em Lisboa e no Porto, no pas­sado sá­bado, cen­tenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores, re­for­mados, de­sem­pre­gados, mu­lheres, jo­vens, das di­fe­rentes áreas da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, de em­presas da in­dús­tria e de ser­viços, do li­toral e do in­te­rior, saíram à rua e pas­saram as pontes sobre o Tejo e o Douro, numa in­tensa e vi­brante jor­nada «Por Abril, contra a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento». Ex­pres­saram firme de­ter­mi­nação de pros­se­guir a luta, para der­rotar o Go­verno, a «troika» agiota e a po­lí­tica de di­reita, para al­terar o ca­minho para o de­sastre e para con­se­guir uma al­ter­na­tiva que co­loque o País no rumo de um fu­turo me­lhor, tra­çado na re­vo­lução de 25 de Abril de 1974.

Novo pro­testo vai ter lugar a 1 de No­vembro, às 10 horas, junto ao Par­la­mento

Ilus­tração de Ca­rina Fi­guei­redo

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Para Al­cân­tara, che­gando em mais de 400 au­to­carros, mas também de carro e de moto, pela Ponte 25 de Abril onde o Go­verno im­pediu que ocor­resse a tra­vessia a pé, vi­eram ma­ni­fes­tantes dos dis­tritos de Faro, Beja, Évora, Por­ta­legre, Cas­telo Branco, Viseu, Guarda, Coimbra, San­tarém, Leiria, Se­túbal e Lisboa. Para a Ave­nida dos Ali­ados, desde a Serra do Pilar e pas­sando a pé a Ponte do In­fante, des­fi­laram tra­ba­lha­dores de Aveiro, Braga, Bra­gança, Viana do Cas­telo, Vila Real e Porto.

A todos os que «não viram a cara à luta, cri­ando con­di­ções para a in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento do pro­testo contra este Go­verno e a vi­o­lenta po­lí­tica que está a impor ao povo e ao País», o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN di­rigiu uma sau­dação muito forte e ca­lo­rosa. Na in­ter­venção em Al­cân­tara, sob um per­sis­tente agua­ceiro, Ar­ménio Carlos voltou a con­denar «a de­cisão ile­gí­tima, pre­po­tente, au­to­ri­tária e an­ti­de­mo­crá­tica de im­pedir o des­file a pé na Ponte 25 de Abril». Foi uma me­dida «pu­ra­mente po­lí­tica», mas­ca­rada de «ques­tões téc­nicas», to­mada «uma vez mais à margem da lei».

O Go­verno do PSD e do CDS re­velou «o medo que tem dos tra­ba­lha­dores e da po­pu­lação e da sua força or­ga­ni­zada» e, «cada vez mais en­fra­que­cido e iso­lado, quis trans­formar esta ma­ni­fes­tação num acon­te­ci­mento que lhe fosse fa­vo­rável e des­vi­asse as aten­ções do es­sen­cial».

Mas, «pe­rante a pro­vo­cação, res­pon­demos com a se­re­ni­dade de quem sabe para onde vai, mas não vai para onde nos querem levar». Desta forma, «não nos con­se­guiram im­pedir de unir as duas mar­gens do Tejo e do Douro, por Abril, contra a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento; não con­se­guiram ame­drontar os tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação» e «não con­se­guiram des­viar as aten­ções dos efeitos da sua po­lí­tica de de­sastre eco­nó­mico e so­cial».

No dia 19 de Ou­tubro, a CGTP-IN exigiu que seja tra­vada a pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado para 2014, a qual re­pre­senta «a re­a­fir­mação de uma opção de classe que apro­funda o re­tro­cesso e ace­lera o afun­da­mento do País». Para re­jeitar tal pro­posta, exigir a de­missão do Go­verno e a re­a­li­zação de elei­ções, a cen­tral vai pro­mover uma nova con­cen­tração, junto da As­sem­bleia da Re­pú­blica, às 10 horas, a 1 de No­vembro. Aí, num dia fe­riado que foi rou­bado aos tra­ba­lha­dores, irá de­correr a pri­meira vo­tação do OE na ge­ne­ra­li­dade.

Mas a In­ter­sin­dical in­siste que aquilo que está em causa vai para lá do Or­ça­mento. Ar­ménio Carlos re­alçou que «o mo­mento que vi­vemos exige a união de es­forços e von­tades, para de­fender os nossos in­te­resses de classe, nesta luta que não pára, pela de­fesa dos nossos di­reitos e ga­ran­tias e da nossa dig­ni­dade e pela cons­trução de um Por­tugal de pro­gresso e jus­tiça so­cial».




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